Clarissa Lins participou de debate organizado pelo Grupo Edson Queiroz
O que tem impulsionado a adoção da agenda ESG por parte de empresas? Tal pauta serve apenas para mitigar riscos ou pode também gerar oportunidades de negócio? Qual o papel da liderança?
Essas e outras perguntas foram tema de debate promovido pelo Grupo Edson Queiroz em 16 de setembro de 2020, onde Clarissa Lins, sócia fundadora da Catavento, foi entrevistada por Roberto Costa, Vice Presidente de Relacionamento Institucional do Grupo, e Antonio Vidal, CEO da Minalba Brasil.
Durante a conversa, Clarissa ressaltou que empresas vêm fortalecendo suas agendas ESG como resposta à crescente pressão de investidores e da sociedade, além de ser um reflexo de uma nova visão de negócios calcada em excelência na gestão. Ressalta, ainda, que sustentabilidade não deve ser uma pauta desalinhada dos objetivos corporativos e financeiros. É, sim, uma nova forma de fazer negócio e empresas que a incorporam se habilitam a ter mais sucesso no longo prazo.
Uma agenda de sustentabilidade robusta fortalece o mapeamento de oportunidades que gerem retorno financeiro concomitantemente à promoção de impacto socioambiental positivo. Permite, ainda, a utilização de mecanismos inovadores de financiamento, como títulos verdes e sustentáveis, com potencial para promover a redução do custo de capital das empresas.
Há, sem dúvidas, iniciativas da pauta ESG que podem não ser econômicas no curto prazo, como a eletrificação de frotas de veículos pesados, havendo espaço para o investimento em Pesquisa & Desenvolvimento. Tal alocação de recursos pode e deve ser feita de forma colaborativa com peers, start ups e parceiros ao longo de toda a cadeia de valor. As empresas que se moverem primeiro nessa pauta poderão colher frutos como a consolidação de vantagens competitivas.
Ainda, uma boa agenda ESG auxilia na mitigação e antecipação de riscos. Além de reduzir risco regulatório e reputacional oriundo de eventuais impactos negativos no meio ambiente e na sociedade, como acidentes e vazamentos, uma robusta agenda de sustentabilidade promove discussões sobre a perenidade do negócio. Jovens hoje não admitem trabalhar em uma empresa que tenha alto índice de fatalidade. Millenials e geração Z valorizam empresas com mulheres na liderança, querem ter rastreabilidade da cadeia de valor e do nível de emissões gerado pelos produtos que compram. E são esses jovens que serão os talentos do futuro, que vão tomar decisões de compra e de investimentos. De que forma as empresas pretendem responder a tais pressões?
Clarissa reforçou, ainda, o papel da liderança para que empresas tenham uma boa gestão ESG. Um bom líder deve “dar o tom” de como a empresa mede seu sucesso. O melhor líder é aquele que não se fecha em si mesmo, que se cerca de pessoas melhores que ele, de modo a ser continuamente desafiado, e que está disposto a ouvir o diferente. Ouvir o diferente, segundo Clarissa, é fazer uma efetiva gestão de risco e até mesmo mapeamento de oportunidades de maneira antecipada. Todo líder deveria se perguntar “Com quem eu deveria estar conversando e não estou?”. Nesse sentido, líderes precisam ter coragem de assumir que não sabem tudo, mas sabem onde querem chegar e pretendem descobrir o caminho em parceria, sendo transparentes e honestos.
Por fim, Clarissa abordou a importância da agenda ESG para a construção da reputação das empresas. Em sua visão, a reputação está lastreada em uma visão estratégica clara e uma gestão que demonstre uma trajetória consistente e alinhada às ambições, o chamado walk the talk: intenções refletidas em atos concretos.
Ter uma estratégia ESG é estar alinhado às demandas do século XXI. É olhar para o ambiente de negócios sob uma ótica mais ampla, incorporando visões e crenças distintas. É antecipar riscos e mapear oportunidades não óbvias. É atrair talentos e liderar com propósito. É a boa gestão.
Rua General Garzon, nº22 / 302 – Jardim Botânico 22470-010 – Rio de Janeiro, Brasil
+55 21 3495-1574